segunda-feira, 23 de setembro de 2013

venda

um olho
um outro olhar
alheio
à vista
fora do prazo

um ato
um feito
meu
no prazo
previsto

e tudo
não
passou
de um querer
vencido

*venda 
s. f.
.Ato ou efeito de vender.
  Entrega, traição.
  Faixa com que se cobrem os olhos.
  [Figurado]    Cegueira; obcecação.
 
 
 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

"cerumano"

Ah, o "cerumano" ...Dizia um antigo professor de cursinho relatando causos típicos em que as ações humanas superaram todos os sensos e não apenas o bom senso.
Suspiro eu: Ah, o "cerumano". Até quando a estupidez, a malícia, a maldade, a ignorância, o egoísmo?
Até quando precisaremos nos proteger, de nossos iguais? Até quando, erguer muros intransponíveis, porque falando o mesmo idioma, não nos entendemos, ou pior, conseguimos cada vez mais nos estranhar?
Eu que tenho fé na linguagem, no poder da palavra. Para mim a palavra cura, constrói, une; transforma o banal do cotidiano em poesia, em beleza. Agora tenho que admitir que a palavra mata; a confiança, o vínculo, as possibilidades de crescimento mútuo entre aquele que diz e aquele que ouve.
A comunicação prevê um canal, eu presumo um caminho: o mesmo que Quintana cita no poema:
 
"Fere de leve a frase... E esquece...
Nada convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita." 
 
Eu só acredito nessa linguagem, a amorosa, não no sentido romântico do poeta, mas no sentido mesmo do amor bíblico, que tudo suporta, tudo crê, tudo compreende. Assim acredito na palavra lançada para nos salvar e promover o conhecimento, o autoconhecimento, o lirismo, a música, o conforto, o aconchego, a amizade, a paz. O resto vem pela indiferença, pela mudez até de atitudes.
Não precisamos desaprender a falar, precisamos aprender a amar. Eis, talvez, a solução definitiva.